Eduardo Fernandez; Patricia da Rosa. 2019. Handroanthus serratifolius (Bignoniaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
A espécie não é endêmica do Brasil, com registros efetuados também na Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Trinidad e Tobago e Venezuela (GBIF, 2010). No Brasil, foi registrada em todas as Unidades Federativas, com exceção de Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Flora do Brasil em construção, 2020; GBIF, 2018). Usualmente, foi documentada em altitudes que variam entre o nível do mar até cerca de 1.200 m.
Árvore emergente, decídua, entre 20-37 m de altura, eventualmente ultrapassando 50 m; não é endêmica do Brasil, com registros de ocorrência confirmados na Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Trinidad e Tobago e Venezuela, além de presença em países da América Central, até o México (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019; GBIF, 2010; Schulze et al., 2008). É considerada a árvore-símbolo do Brasil e o emblema da Sociedade Botânica do Brasil - SBB, uma vez que sua floração massiva e exuberante e sua ampla distribuição podem ser verificadas em praticamente todo território nacional, com exceção dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Foi documentada em cinco domínios fitogeográficos brasileiros (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal) e em múltiplas fitofisionomias florestais, como Floresta de Terra Firme, Floresta Ombrófila Mista, Caatinga (stricto sensu), Cerrado (lato sensu), Floresta de Terra-Firme, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Estacional Perenifólia. A espécie apresenta EOO=6576611 km², AOO= 1556 km² e ocorrência severamente fragmentada em grande parte de sua ocorrência, principalmente na Mata Atlântica e no Cerrado e, mais recentemente, no sul da Amazônia. H. serratifolius é atualmente a espécie madeireira mais valiosa e explorada do Brasil, já tendo sido extraída de forma predatória dos locais mais remotos. A espécie apresenta baixas densidades populacionais (Schultze et al., 2008), e sua distribuição coincide em grande parte com a região em que se concentram as mais altas taxas de desmatamento da Amazônia brasileira (PRODES/ INPE, 2019; Schulze et al., 2008). Atualmente, a densidade média de ipê na Amazônia não ultrapassa uma árvore por 10 hectares (Schultze et al., 2008). Já no Parque Nacional da Serra das Confusões, uma das áreas mais bem conservadas do Nordeste do país, foram encontrados 6,7 indivíduos por hectare (Soares Filho, 2012). A retirada seletiva da espécie ampliou-se significativamente na bacia amazônica e em áreas adjacentes após as restrições legais impostas a comercialização do mogno (Swietenia macrophylla), uma das árvores mais valorizadas dos Neotrópicos. A intensa exploração comercial verificada atualmente para H. serratifolius é composta majoritariamente por extração ilegal (Schultze et al., 2008) e facilitada por falhas no processo de licenciamento estadual para confecção de Planos de Manejo Florestal (Greenpeace, 2018). A retirada causa danos excessivos à floresta, a partir da abertura de estradas que promovem ainda mais desmatamento e expansão populacional e pressão exploratória (Pfaff et al., 2007; Pfaff, 1999). Segundo dados oficiais dos Autos de Infração aplicados à apreensões de flora (Ibama, 2018), foram apreendidos 52.123 m³ de madeira serrada e madeira em toras de Handroanthus serratifolius. O corte não autorizado em áreas protegidas e imóveis rurais para o abastecimento de serrarias clandestinas ocorre principalmente na Amazônia Legal, e vem comprometendo o futuro potencial de produção, bem como a integridade ecológica das florestas exploradas. Além da intensa pressão oriunda do corte seletivo pelo seu alto valor de mercado, sabe-se que os domínios fitogeográficos em que a espécie ocorre sofreram reduções severas em relação a extensão das áreas naturais onde a espécie potencialmente ocorreria, com taxas de redução variando entre 20% na Amazônia (Charity et al., 2016), cerca de 50% no Cerrado (Strassburg et al., 2017) e na Caatinga (Castelletti et al., 2004) até cerca de 70%, no contexto da Mata Atlântica (Rezende et al., 2018). Ainda, todas as populações de T. serratifolia na Amazônia mostraram declínios populacionais drásticos, sem indicação de recuperação da população a longo prazo (Schulze et al., 2008). Considerando-se o Tempo de Geração da espécie em ao menos 30 anos, a pressão seletiva pela exploração e a redução verificada em em EOO, AOO e qualidade do habitat, suspeita-se que ao longo das últimas três gerações (90 anos), a população da espécie tenha declinado no mínimo em 30%. Assim, H. serratifolius foi considerada Vulnerável (VU) em relação ao seu risco de extinção. Suspeita-se ainda que a extração da espécie seja atualmente tão intensa, particularmente na Amazônia, que a diversidade genética das populações remanescentes pode ser comprometida por efeitos relacionados a deriva genética e endogamia. Finalmente, com os atuais preços do mercado de madeira, infra-estrutura de transporte e custos de retirada, a contínua extração da espécie no futuro seria lucrativa em cerca de 63% do território total da Amazônia, evidenciando o enorme potencial para ampliação das operações de corte seletivo (Schulze et al., 2008). Recomenda-se ações juridicas urgentes (aperfeiçoamento da legislação vigente sobre os requisitos mínimos para exploração sustentável), garantia da efetividade de Unidades de Conservação de proteção integral nas quais a espécie foi documentada, além da inclusão da espécie em mecanismos regulatórios que se proponham a controlar e adequar aos parâmetros aceitáveis sua exploração e posterior comercialização, além da ampliação da fiscalização em operações de retirada de madeira nativa, serrarias e exportadoras.
Foi descrita originalmente no polifilético gênero Tabebuia em The Illustrated Dictionary of Gardening, 4: 1, em 1887, e recentemente (2007), re-circunscrita como Handroanthus serratifolius em Systematic Botany 32: 666 (Grose e Olmstead, 2007). É conhecida popularmente por ipê-amarelo-da-mata, lapacho-amarelo, pau-d'arco, poui-amarelo, ipê, pau-d'arco-amarelo, piuva·amarela, ipê-ovo-de-macuco, tamurá-tuira, ipê-pardo, ipê-amarelo , bethabara (Caribe), entre outros, dependendo da localização geográfica (Gentry et al., 1984). Canela-mandioca, ipê, ipê-amarelo, ipê-dente-de-cão, ipê-do-campo, ipê-do-cerrado, ipê-ferro, ipê-ovo-de-macuco (ES); ipê-pardo, ipê-preto, ipê-roxinho, ipê-roxo, ipê-tabaco, ipê-tabaco-claro, ipê-vermelho, ipeúna, ipeúva, lapacho, madiocaí, morototó, opa, pau-d’arco, pau-d’arco-amarelo (PA); pau-d’arco-da-flor-amarela, pau-d’arco-dente-de-cão, pau-paratudo, peúva, piúna (Sul); piúva, piúva-amarela, piúva-do-charco, quinaquina, tamurá-tuíra (Em todo o Brasil) (Camargos et al., 1996).
Não existem dados concretos que permitam a estimativa do Tempo de Geração de H. serratifolius; entretanto, conforme recomendado pela IUCN, existem dados obtidos para a congênere H. impetiginosus, que evidenciam que o desenvolvimento das mudas em condições de campo é lento, o crescimento anual em diâmetro pode variar entre 4,8 a 11,6 mm e o tempo médio para uma árvore atingir 40cm de diâmetro, aproximadamente quando pode-se considerar um indivíduo maduro, é estimado em, no mínimo, 55 anos (Mattos; Seitz, 2008). Sabe-se que após o primeiro corte de H. serratifolius, deve-se esperar ao menos 30 anos para que espécie atinja novamente 20 cm de diametro (Schulte et al., 2008). Assim, estimamos o Tempo de Geração entre 30-50 anos.
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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2.1 Species mortality | 5.3.2 Intentional use: large scale (species being assessed is the target) [harvest] | mature individuals,habitat,occupancy,occurrence,locality | past,present,future | national | very high |
A espécie possui uma das madeiras mais valiosas e mais frequentemente cortadas do Brasil, e possivelmente encontra-se ameaçada devido a contínua atividade madeireira no país (Schulze et al., 2008). Os mesmos autores evidenciam ainda o efeitos nefastos da exploração de madeira feita de forma seletiva: a intensa exploração comercial dessa e de outras espécies de grande valor, combinadas com danos excessivos infligidos à floresta durante a sua retirada, podem comprometer o futuro potencial de produção, bem como a integridade ecológica das florestas exploradas. A extração ilegal do ipê é facilitada por falhas no processo de licenciamento estadual para Planos de Manejo Florestal, o qual, permite que os engenheiros florestais exagerem o número e o tamanho dos ipês (e outras espécies valiosas de árvores) em uma Área de Manejo Florestal-AMF, o que, por sua vez, permite gerar créditos adicionais que podem ser usados para lavar madeira ilegal (Greenpeace, 2018). Um estudo ainda não publicado realizado por pesquisadores da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), analisou a densidade, em metros cúbicos por hectare, do gênero ipê Handroanthus spp. (anteriormente conhecido como Tabebuia spp.), informado em inventários de 586 áreas florestais sujeitas a PMFSs que foram licenciadas no estado do Pará entre 2013 e 2017. O estudo mostrou que 77% desses inventários registravam volumes de ipê acima dos prováveis níveis máximos naturais informados em pesquisas anteriores e inventários de cinco florestas nacionais no Pará (SBD, 2018). Quando o mogno (Swietenia macrophylla) foi incluído no Anexo II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e da Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção (Cites) em 2002, após mais de 30 anos de exploração irracional, os ipês começaram a ser explorados seletivamente como uma madeira alternativa ao mogno com propriedades e aplicações semelhantes; assim, a pressão exagerada sobre as populações de H. serratifolius se consolidou, particularmente no contexto amazônico (Greenpeace, 2018). Baseado em dados do governo brasileiro que rastreiam exportações de madeira (SECEX, 2005), estimou-se em 1.104.000 m3 de madeira redonda retirada em 2004 para gerar 167.000 m3 de madeira para exportação. Estas estimativas são comparáveis aos volumes de mogno extraídos da Amazônia brasileira durante a "corrida do mogno" do final dos anos 80 e início dos anos 90 (Schulze et al., 2008). Nos últimos anos, a retirada de ipê declinou ou cessou na maioria das antigas fronteiras madeireiras no leste da Amazônia, ao mesmo tempo em que se espalharam para novas fronteiras madeireiras na região central e sudoeste da Amazônia. Com os atuais preços do mercado de madeira, infra-estrutura de transporte e custos de retirada, a extração da espécie seria lucrativa em uma estimativa de 63% do território da Amazônia; nas fronteiras de extração de madeira mais remotas, apenas o registro de ipês e algumas outras madeiras de alto valor é atualmente lucrativo. Todas as populações de T. serratifolia na Amazônia mostraram declínios populacionais drásticos, sem indicação de recuperação da população a longo prazo (Schulze et al., 2008). Somente em 2009, foram extraídos em torno de 14,2 milhões de metros cúbicos de madeira em tora nativa de múltiplas espécies, incluindo o ipê, o equivalente a 3,5 milhões de árvores na Amazônia Legal. Cerca de 47% dessa matéria-prima foi extraída no estado do Pará, 28% no Mato Grosso, 16% em Rondônia e 3% em ambos os estados do Acre e Amazônia (SFB e IMAZON, 2010). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 2 Agriculture & aquaculture | regional | |||
A floresta amazônica perdeu 17% de sua cobertura florestal original, 4,7% somente entre 2000 e 2013, principalmente devido à atividades oriundas da agroindústria, pecuária extensiva, infraestrutura rodoviárias e hidrelétricas, mineração e exploração madeireira (Charity et al., 2016). Após alguns progressos significativos, o desmatamento da Amazônia se acelerou nos últimos anos no Brasil, aumentando 24% em 2015 e 29% em 2016, segundo dados oficiais de observação por satélite. O aumento do desmatamento entre 2002-2004 foi, principalmente, resultado do crescimento do rebanho bovino, que cresceu 11% ao ano de 1997 até o nível de 33 milhões em 2004, incluindo apenas aqueles municípios da Amazônia com florestas de dossel fechado compreendendo pelo menos 50% de sua vegetação nativa (Nepstad et al., 2006). Segundo Nepstad et al. (2006) a indústria pecuária da Amazônia, responsável por mais de dois terços do desmatamento anual, esteve temporariamente fora do mercado internacional devido a presença de febre aftosa na região. Contudo, o status de livre de febre aftosa conferido a uma grande região florestal (1,5 milhão de km²) no sul da Amazônia seja, talvez, a mudança mais importante que fortaleceu o papel dos mercados na promoção da expansão da indústria pecuária na Amazônia (Nepstad et al., 2006). No entanto, no final do ano passado, o presidente Michel Temer disse que os últimos dados oficiais de desmatamento da Amazônia em 2017 indicavam uma reversão dessa tendência, com uma queda de 20%. | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.2 Ecosystem degradation | 4.1 Roads & railroads | habitat | present,future | national | high |
Pfaff (1999), em estudo econométrico a nível municipal conduzido na Amazônia brasileira entre 1978–1988, indica que as estradas são um importante fator de desmatamento em toda a Amazônia. Pfaff et al. (2007) apontam ainda o impacto severo da abertura de estradas na Amazônia, que leva invariavelmente a mais desmatamento, não só nos municípios e povoados por onde passam, mas também em setores vizinhos, através do efeito de “transbordamento” (spillover effect). Além disso, o efeito de borda criado pela presença de uma estrada tem forte influência no uso de água pela floresta (Kunert et al., 2015). A construção de uma estrada induz a mortalidade de árvores na borda da floresta devido a danos mecânicos, alteração do microclima, suscetibilidade ao estresse hídrico de árvores que crescem adjacentes à estrada, o que tem provocado mudanças na composição de espécies arbóreas (clímax são substituídas por secundárias) e aumentado a fragmentação (Kunert et al., 2015). Fernside (2015) argumenta que as estradas atuam como impulsionadoras do desmatamento, atraindo trabalhadores migrantes e investimentos para áreas de floresta anteriormente inacessíveis dentro da Amazônia. Segundo o autor, o desmatamento é então estimulado não apenas por estradas que aumentam a lucratividade da agricultura e da pecuária, mas também pelo efeito das estradas (acessibilidade) na especulação de terra e no estabelecimento de posse de terras. As principais estradas são acompanhadas por redes de estradas laterais construídas por madeireiros, mineiros e posseiros. O desmatamento se espalha para fora das rodovias e suas estradas de acesso associadas. As rodovias também fornecem caminhos para a migração de fazendeiros sem terra e outros, gerando assim o desmatamento em áreas adjacentes. As estradas principais estimulam a construção de estradas secundárias que fornecem acesso a regiões distantes da rota principal da rodovia. Um exemplo importante é a reconstrução planejada da rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho). Estradas laterais abririam o grande bloco de floresta intacta na parte oeste do estado do Amazonas, que incluía vastas áreas de terras públicas - a categoria mais vulnerável à invasão por grileiros e posseiros (Fernside e Graça, 2006). | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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2.1 Species mortality | 5.3 Logging & wood harvesting | locality,occupancy,mature individuals | past,present,future | national | very high |
Segundo dados oficiais de Autos de infração aplicados à apreensões de flora (Ibama 2018), foram apreendidos 52.123 m³ de madeira serrada e madeira em toras de Handroanthus serratifolius. Segundo o órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, o corte não autorizado em áreas protegidas e imóveis rurais para o abastecimento de serrarias clandestinas e recebedoras de madeira sem origem legal ocorre principalmente na Amazônia Legal e durante todo o ano (Ibama a, 2018). Outra fraude praticada é a comercialização de produtos ilegais com documentação ideologicamente falsa, destinados aos grandes centros consumidores do país e para a exportação, este crime é realizado com espécies madeireiras amazônicas em todos os estados deste bioma e durante o ano todo (Ibama b, 2018). No ano de 2018 foram aplicados 4.593 autos de infração relativos a crimes cometidos contra a flora no Brasil (Ibama a, 2018), destes 2.353 autos foram realizados por desmatar ou destruir a vegetação nativa. | |||||
Referências:
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Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.1 Ecosystem conversion | 2 Agriculture & aquaculture | habitat,occurrence | past,present,future | national | high |
O Cerrado perdeu 88 Mha (46%) de sua cobertura vegetal nativa, e apenas 19,8% permanecem inalterados. Entre 2002 e 2011, as taxas de desmatamento no Cerrado (1% por ano) foram 2,5 vezes maiores que na Amazônia. A proteção atual permanece fraca. As áreas protegidas públicas cobrem apenas 7,5% do bioma (em comparação com 46% da Amazônia) e, de acordo com o Código Florestal brasileiro, apenas 20% (em comparação com 80% na Amazônia) de terras privadas são destinadas a conservação (Strassburg et al., 2017). Como resultado, 40% da vegetação natural remanescente pode agora ser legalmente convertida (Soares-Filho et al., 2014). As pastagens cultivadas ocupam cerca de 26,5% do território e representam o principal uso do solo do Cerrado (Sano et al., 2008). Além dos impactos do gado sobre a vegetação nativa, a atividade pecuária historicamente está associada à queimadas realizadas para renovação da pastagem para o gado (Kolbek e Alves, 2008), as quais muitas vezes fogem de controle e tornam-se grandes incêndios (Verdi et al., 2015). Castelletti et al. (2004) indicam que entre 30,4% e 51,7% da área da Caatinga foi alterada por atividades antrópicas. A primeira estimativa coloca a Caatinga como o terceiro ecossistema mais degradado do Brasil, atrás da Mata Atlântica e do Cerrado. A segunda estimativa, entretanto, eleva a Caatinga para o segundo ecossistema mais degradado do Brasil, passando à frente do Cerrado. Contudo, é possível que mesmo esses valores ainda estejam subestimados, porque é difícil dimensionar a extensão da perda dos ecossistemas naturais e da flora e fauna do Nordeste brasileiro nos últimos 500 anos. Os registros históricos produzem pistas pequenas, mas dramáticas, sobre a destruição em larga escala que tem devastado a região desde 1500, e mesmo os maiores remanescentes da Caatinga têm, provavelmente, sido alterados desde os tempos pré-Colombianos. | |||||
Referências:
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Ação | Situação |
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1.1 Site/area protection | on going |
A espécie foi registrada nas seguinte Unidades de Conservação, de distintas esferas políticas e níveis de proteção: Acre: Floresta Nacional de Macauã (UC). Alagoas: Área de Proteção Ambiental de Muricí (US). Amapá: Área de Proteção Ambiental do Rio Curiaú (US), Floresta Estadual do Amapá (US). Amazonas: Reserva Extrativista Ituxí (US), Parque Nacional do Jaú (PI). Bahia: Reserva Biológica de Una (PI), Área de Proteção Ambiental Marimbus / Iraquara (US), Área de Proteção Ambiental Grutas dos Brejões / Veredas do Romão Gramacho (US). Ceará: Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe (US), Floresta Nacional do Araripe-Apodi (US), Área de Proteção Ambiental da Serra de Baturité (US), Área de Proteção Ambiental da Serra da Aratanha (US), Parque Estadual Botânico do Ceará (PI). Distrito Federal: Área de Proteção Ambiental do Planalto Central (US), Apa da Bacia dos Ribeirões do Gama e Cabeça de Veado (US), Estação Ecológica do Jardim Botânico (PI), Arie Parque Jk (US), Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São Bartolomeu (US), Apa do Lago Paranoá (US), Apa de Cafuringa (US), Estação Ecológica de Águas Emendadas (PI). Espírito Santo: Reserva Biológica Augusto Ruschi (PI), Reserva Biológica de Comboios (PI). Goiás: Parque Estadual de Terra Ronca (PI), Área de Proteção Ambiental Pouso Alto (US). Maranhão: Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense (US), Parque Estadual do Bacanga (PI). Mato Grosso: Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (PI), Área de Proteção Ambiental da Chapada dos Guimarães (US). Minas Gerais: Área de Proteção Ambiental Serra da Vargem Alegre (US), Parque Estadual do Rio Doce (PI), Área de Proteção Ambiental Carste da Lagoa Santa (US), Parque Natural Municipal de Piraputangas (PI), Parque Estadual Grão Mogol (PI), Parque Estadual Serra das Araras (PI), Reserva Biológica Jaíba (PI), Parque Estadual Lagoa do Cajueiro (PI). Pará: Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu (US), Área de Proteção Ambiental do Lago de Tucurui (US), Floresta Nacional de Tapajós (US), Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns (US), Área de Proteção Ambiental da Região Metrolpolitana de Belém (US), Area de Protecao Ambiental Xeriuini (US), Floresta Estadual do Trombetas (US). Paraíba: Refúgio de Vida Silvestre Mata do Buraquinho (PI), Área de Relevante Interesse Ecológico de Goiamunduba (US), Reserva Biológica Guaribas (PI). Paraná: Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba (US). Pernambuco: Refúgio da Vida Silvestre Mata do Toró (PI). Piauí: Parque Nacional Serra das Confusões (PI), Parque Nacional de Sete Cidades (PI), Área de Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba (US). Rio de Janeiro: Área de Proteção Ambiental de Cairuçu (US), Parque Estadual da Ilha Grande (PI), Área de Proteção Ambiental de Tamoios (US), Área de Proteção Ambiental do Parque Municipal Ecológico de Marapendi (US), Apa da Orla Marítima (US), Área de Proteção Ambiental do Sacopã (US), Apa do Morro dos Cabritos (US), Parque Nacional da Tijuca (PI), Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e Urca (PI), Área de Proteção Ambiental do Pau Brasil (US), Parque Estadual da Costa do Sol (PI), Área de Proteção Ambiental da Serra de Sapiatiba (US), Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São João - Mico Leão (US), Reserva Biológica de Poço das Antas (PI), Área de Proteção Ambiental de Engenheiro Passos Apaep (US), Monumento Natural Municipal do Pico do Itaguaré (PI), Parque Estadual da Pedra Selada (PI), Parque Nacional do Itatiaia (PI), Área de Proteção Ambiental Waldeir Gonçalves - Serra do Itaóca (US). Roraima: Estação Ecológica de Maracá (PI). São Paulo: Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PI), Área de Proteção Ambiental de Cananéia-Iguapé-Peruíbe (US), Estação Ecológica Juréia-Itatins (PI), Parque Estadual Carlos Botelho (PI), Parque Estadual Xixová-Japuí (PI), Parque Estadual da Serra do Mar (PI), Apa Corumbataí Botucatu Tejupa Perimetro Botucatu (US), Parque Estadual de Campos do Jordão (PI), Área de Proteção Ambiental Serra da Mantiqueira (US), Apa Campos do Jordão (US). Tocantins: Área de Proteção Ambiental Serra do Lajeado (US), Área de Proteção Ambiental Ilha do Bananal/Cantão (US). |
Ação | Situação |
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3.4.1 Captive breeding/artificial propagation | on going |
A espécie é amplamente cultivada para fins econômicos, podendo eventualmente ser eventualmente encontrada cultivada em jardins botânicos e em arboretos de coleções científicas, tais como no Jardim Botânico de Belo Horizonte (Mello-Bumet 481) do Rio de Janeiro (J.R.Mattos 480). |
Ação | Situação |
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5 Law & policy | needed |
Segundo o estudo de Ferreira (2015), para Handroanthus serratifolius, o diâmetro mínimo para corte é de 67,4 cm de diâmetro correspondendo ao ótimo em incremento corrente anual em diâmetro de 0,41 cm-1 ano, neste estado de melhor aproveitamento da madeira desta espécie, ela se encontra com 174 anos de idade, ao contrário do que propõe a Resolução SDS Nº 17 DE 20/08/2013 do estado do Amazonas, que estabelece os procedimentos técnicos para elaboração, apresentação, execução e avaliação técnica de PMFS de Maior Impacto de Exploração e PMFS de Menor Impacto de Exploração nas florestas nativas e formações sucessoras no Estado do Amazonas, o ciclo mínimo de corte de Plano de Manejo Florestal Sustentável de Menor Impacto de Exploração é de 10 anos e de no mínimo de 25 anos para o Plano de Manejo Florestal Sustentável de Maior Impacto (art. 6); No art. 12 está estabelecido o Diâmetro Mínimo de Corte - DMC de 50 cm para todas as espécies para as quais ainda não se estabeleceu o DMC específico, ao contrário do que é recomendado por Ferreira (2015). Ferreira (2015) realizou seu estudo em uma área do estado do Amazonas onde o regime de manejo desenvolvido na área é do tipo seletivo, com diâmetro mínimo de corte de 50 cm, ciclo de corte de 30 anos e intensidade de corte de 24,74 m³/ha. Sendo assim, para H. serratifolius, o atual sistema de manejo praticado na região, sistema policíclico que estabelece um único diâmetro mínimo de corte e ciclo de corte para todas as espécies, não pode ser considerado como práticas de manejo sustentáveis. Sendo assim, faz-se necessária a mudança na adequação destes parâmetro na Resolução SDS Nº 17 DE 20/08/2013 para a espécie. | |
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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3. Medicine - human and veterinary | natural | whole plant |
A casca de Handroanthus serratifolius contém compostos químicos utilizados na medicina popular ou pela indústria farmacêutica, incluindo lapachol, quercetina e outros flavonóides. A espécie possui atividade anti-inflamatória e no combate contra Aedes aegypti (Almeida et al., 1990; Oliveira et al., 2002), além de potencial eficácia no tratamento contra tumores sólidos e também de leucemias multirresistentes (Salustiano et al., 2010; Epifano et al., 2014). A decocção de partes da planta, quando combinada com mel, é usada para aliviar a tosse. A casca é usada para febre, veneno de cobra, veneno de manchineel e leishmaniose. As flores são usadas para reumatismo, tosse e gripe. Já na medicina popular, todas as partes de H. serratifolius, principalmente cascas, folhas e flores, são utilizadas para tratamento de câncer do pâncreas, esôfago, intestino, pulmões, próstata e língua (Evangelista Junior et al., 2006), com pesquisas em andamento visando comprovar tais usos (Salustino et al., 2010). Além disso, é empregado em doenças como de Hodgkin, leucemia, lúpus, Parkinson, psoríase e alergias. Conta também com propriedades diuréticas, analgésicas e fungicidas, sendo utilizados popularmente para clorose, diarreia, enurese, faringite, feridas, picadas de cobra, sífilis, entre outras (Evangelista Junior et al., 2006). | ||
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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9. Construction/structural materials | natural | whole plant |
A madeira é adequada para carpintaria em geral, pela sua alta durabilidade e resistência; pode ser utilizada para a construção de cabos de ferramentas, travessas ferroviárias, construção de pontes, carpintaria, postes e construções navais. A madeira é particularmente bem adaptada para usos que tiram proveito de sua resistência, tenacidade, resiliência e resistência muito alta a insetos e apodrecimento. É adequada para uso como dormentes, torneamento, veículos, redes de cabine e carpintaria, enquanto alguns de seus usos mais altos são especialmente para cabos de ferramentas, bengalas, canas de pesca e arcos (Lorenzi, 2008). | ||
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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16. Other | cultivated | whole plant |
A espécie é cultivada comercialmente e estudos recentes têm demonstrado resultados promissores na utilização desta espécie na recuperação de áreas florestais no contexto do Cerrado modificados pela ação de mineradoras (Monteiro et al., 2017). É recomendada para restauração de áreas degradadas, chegando a alcançar 2 m em 3 anos de desenvolvimento (Lorenzi, 2008; Santos et al., 2009). | ||
Referências:
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Uso | Proveniência | Recurso |
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16. Other | ||
Pela sua floração vistosa e extremamente chamativa, a espécie é amplamente utilizada como planta ornamental no paisagismo urbano e rural; muitas vezes é encontrada isolada em pastos (Lorenzi, 2008). | ||
Referências:
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